Programação da Prefeitura de Belém celebra a diversidade e promove acolhimento de LGBTs em situação de rua

Um dia para celebrar a diversidade, debater direitos e promover a saúde. Assim foi a Rua de Todes, programação da Prefeitura de Belém voltada a pessoas LGBT em situação de rua. O evento ocorreu nesta quinta-feira, 30, na Praça da Bandeira, centro da capital. A ação levantou a bandeira do orgulho de pessoas que, em geral, são invisibilizadas pela sociedade.

A Ciranda LGBTQIAP+ foi uma iniciativa da Casa Rua, unidade da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) especializada no atendimento de pessoas em situação de rua, com a Coordenadoria de Diversidade Sexual (CDS). O evento reuniu arte, consciência e saúde em torno da defesa de direitos, no mês em que se comemora o Orgulho LGBT.

Empoderamento – Para a mangueadora Emily Gomes, 29 anos, foi um momento de aprendizado. “Ao participar dessa ação, posso saber mais, me expor e pegar uma direção para tratar as pessoas de maneira diferente da que, em geral, sou tratada. Estamos em 2022! Precisamos respeitar o próximo em primeiro lugar. Tenho orgulho de ser quem eu sou: uma pessoa empoderada e criativa”, disse.

A agente de bem-estar social, Sthefanny Vilhena, que trabalha na Casa Rua, frisou que é muito gratificante participar de um evento em que se discute a inclusão.

“Neste mês festejamos a luta – e estamos vencendo. A roda de conversa é importante para mostrarmos às outras pessoas que não há diferenças. Somos todos iguais e merecemos respeito”, lembrou.

Ela mesma oriunda das ruas, Sthefanny hoje se orgulha de poder acolher travestis e mulheres trans que lutam por direitos, entre eles a saúde.

“Posso estar aqui agora fazendo esse trabalho de acolhimento para elas. Hoje também é esse momento de levantar o debate e promover a autoestima dessas pessoas”, pontuou.

União – O evento contou com a parceria da organização não-governamental (ONG) Arte Pela Vida. O coordenador da ONG, Davidson Porteglio, ressaltou a importância de unir esforços em prol de pessoas que são invisíveis para a sociedade.

“É um dos nossos pilares levar informação. E hoje estamos aqui contribuindo para esse momento em que a Prefeitura de Belém celebra a diversidade”, ratificou.

Além do bate-papo, foram oferecidos serviços de saúde, pelo Consultório na Rua, da Sesma. A enfermeira Aline Gobbo, da equipe do programa, destacou a importância de levar assistência a quem vive em situação de rua.

“Atuamos para que a Casa Rua se torne, cada vez mais, uma unidade especializada, com serviços de saúde física e mental, tratando essas pessoas como eles merecem, sem negacionismo e hipocrisia”, frisou.

Acolhimento – O coordenador do evento pela Casa Rua, Cláudio Raposo, disse que o objetivo foi fortalecer laços entre a unidade e a população LGBT que vive em situação de rua.

“Queremos criar um calendário de saúde e arte focado no cuidado e no empoderamento. A Casa Rua é um local de acolhimento, onde qualquer LGBT em vulnerabilidade pode encontrar saúde e propósito de vida”, afirmou.

Trazer visibilidade a quem sofre violência e tem os direitos subtraídos foi um dos objetivos da Ciranda, segundo o coordenador da Casa Rua, Thyago Rezende.

“Esse evento faz parte do nosso trabalho de integração, envolvimento e ocupação de território, e de cobrir essas lacunas que a sociedade deixa, principalmente, em relação a essas pessoas, e nesse caso estamos falando dos LGBT em situação de rua”.

Violações – São pessoas vítimas de violência e abandono do próprio lar, da própria família, por conta da sexualidade. “Queremos mostrar a essas pessoas que elas têm o seu lugar, com direito à saúde e todo o acompanhamento”, assinalou Thyago.

Cláudio Raposo lembrou que, diariamente, são presenciados episódios de violência contra essa população. “Houve, por exemplo, o caso de uma mulher trans que foi arrastada na avenida Presidente Vargas. Ela foi atendida na Casa Rua, onde não só recebeu atenção médica, como também acolhimento afetivo”, conta, afirmando que “a Casa Rua é necessária e sua atuação com esta população precisa ganhar o debate social”.

Texto: Luiz Carlos Santos

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