As restrições por intolerância alimentar são registradas em 40% da população, caracterizadas por alergias com reação a determinados alimentos. Este processo envolve o mecanismo imunológico e varia de acordo com o paciente, apresentando sintomas que podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal ou respiratório.
Para atender a população da capital paraense, a Prefeitura de Belém realiza o fornecimento do leite especial destinado a aproximadamente 350 crianças atendidas pelo Programa de Alergia Alimentar desenvolvido pelo Núcleo de Promoção à Saúde (Nups) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma).
A Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e a Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Brasileira de Nutrologia, realizaram um estudo que apontou que de 2% e 5% das crianças em todo o mundo desenvolvem Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV). Em Belém, centenas de famílias, independente da situação financeira, são beneficiadas pelo programa, no qual recebem fórmulas a base de Aminoácidos, de Hidrolisado com ou sem lactose, e a base de soja, distribuídas na Unidade de Saúde de Fátima.
A coordenadora municipal de Nutrição da Sesma, Thaís Granado, explica que o Programa de Alergia Alimentar é realizado no município há quase dez anos, e é composto por uma equipe multidisciplinar (assistente social, gastropediatra e nutricionista). Nele são atendidas crianças de 0 a 36 meses, que tenham apresentado algum quadro alérgico ou reação, que residem na capital paraense, e que tenham sido diagnosticadas por um gastropediatra do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Quando as crianças nascem, as mães são orientadas a mantê-las com o aleitamento materno. Se o pediatra detecta alguma manifestação alérgica, a primeira conduta é a dieta materna, evitando alimentos que normalmente causam alergia, quando isso não é suficiente, são realizados exames pelos gastropediatra, e então, a criança entra no programa para receber a formula específica para seu tratamento”, destaca a coordenadora.
Ainda de acordo com Thaís, algumas alergias não desaparecem com o passar do tempo. “Não existe um tratamento que elimine as alergias alimentares e as intolerâncias. O que se recomenda é restringir o alimento que causa um determinado sintoma. Quando a restrição a determinados alimentos forem absolutas, a criança precisa de um acompanhamento”.
A alergia à proteína do leite de vaca é um problema comum em crianças na primeira infância, com as primeiras manifestações sintomáticas durante os primeiros seis meses de vida. A alergia é transitória e o tempo de cura depende da gravidade do quadro clínico de cada criança. A advogada Taiana Braga, de 28 anos, é mãe da Tamillys, de 6 anos e Gustavo de 2 anos de idade. Os dois desenvolveram alergia logo nos primeiros meses de nascidos, e só foi possível controlar, com o auxílio das fórmulas.
“Como toda mãe de primeira viagem, fiquei assustada quando e Tamillys apresentou o quadro alérgico, não podendo ser alimentada com meu leite. Foi aí que o médico realizou os exames e me indicou ao programa. Já o Gustavo foi um quadro bem mais sério, as alergias eram inclusive cutâneas e nós tivemos que buscar outros métodos – além do alimento. Se não fosse o programa, fornecendo esses 'leites', não sei como conseguiria manter o alimento dos meus filhos, porque o investimento é muito alto, e na minha casa são os dois com restrição”, relatou a advogada.
Mônica de Souza, de 33 anos é mãe do Davi Leonardo, de 1 ano. Ela é cabeleireira e, desde o primeiro mês do seu filho, vai até a Unidade de Fátima receber a fórmula para complementar a alimentação da criança. “Eu não sei o que seria da minha vida, se não tivesse esse auxílio. Meu salário não daria para comprar nem uma lata por mês, imagine as seis que ele precisa? Graças a Deus existem programas que ajudam as famílias que passam por isso com seus filhos”, afirmou.
Atendimentos básicos – Mas não são somente as crianças com alergia atendidas pelo programa. As Unidades de Saúde do município contam com equipes de Nutrição que realizam periodicamente, encontros com palestras, promoção de ações de entretenimento, tudo voltado para a população, de forma gratuita.
São desenvolvidos trabalhos tanto na atenção básica, quanto na atenção especializada. Os profissionais atuam na promoção da saúde através da alimentação saudável, com objetivo de aumentar a qualidade de vida da população, com menos adoecimento e mais bem-estar.
Texto: Karla Pereira
