Relatos de experiência com alunos da etnia Warao são destaque no Salão Paulo Freire

Com o tema “Cantos, Contos e Encontros para além das fronteiras na Belém da Nossa Gente”, a Prefeitura de Belém, por meio da Coordenação de Educação Escolar dos Indígenas, Imigrantes e Refugiados (Ceiir) da Secretaria Municipal de Educação (Semec), apresentou nesta sexta-feira, 10, no Salão Paulo Freire, as ações desenvolvidas nas escolas municipais com os alunos da etnia Warao ao longo de 2021.

“Apesar da pandemia da covid-19 e da minha pouca experiência, fizemos um trabalho especial com muito amor, dedicação, carinho e respeito com a ajuda de diversos parceiros", contou a liderança indígena do Alto Rio Guamá, Kokoixumti Tembé Jathiati Parkateje, conhecido como professor "Wender Tembé".

"Agradeço à minha equipe e me sinto honrado de poder trabalhar no mandato do prefeito Edmilson Rodrigues, que fez história ao garantir a terra para o povo Teneterrára, onde podemos plantar, colher, alimentar os nossos filhos e progredir sustentando a nossa cultura. Temos muitos Tembés na universidade", disse o professor, ao destacar a importância da Ceiir na garantia de direitos na capital.

Escolas e parceiros na garantia de direitos

Atualmente, a rede municipal de ensino atende mais de 200 crianças e adolescentes indígenas em diversas instituições, entre elas a Escola Municipal Professora Maria Heloísa de Castro e a Escola Municipal Nosso Lar, ambas localizadas no bairro do Tapanã.

Além das escolas municipais Professor Pedro Demo, Monsenhor Azevedo, e a Unidade de Educação Infantil (UEI) Itaiteua, localizadas no distrito de Outeiro. Em breve, a Escola Amigos Solidários será a escola multiétnica referência da capital.

Neste primeiro ano, a Ceiir já realizou inúmeras formações, com o objetivo de preparar o corpo docente para o acolhimento dos alunos e também os capacitou para assuntos específicos, por meio da Oficina sobre Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Crianças Migrantes em Belém, promovida pelo projeto Canicas com a parceria da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Além de promover o intercâmbio cultural com o Super Panas e assistência social pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra). Bem como diversos encontros com a rede e com os indígenas da etnia Warao.

Estavam presentes Débora Castiglione, representante do Projeto Canicas; Selli Rosa, representante do projeto Super Panas parceria entre Aldeias Infantis e Unicef; e Camila Rayssa Cavalero de Macêdo, gerente de Projetos Adra Norte Brasileira.

Experiências – As professoras Carla Tatiane Ferreira Barros Machado e Lorena Suelen dos Santos Braga Medeiros, da Unidade de Educação Infantil (Uei) Itaiteua, localizada no distrito de Outeiro, destacaram o quanto foi importante a formação docente junto aos parceiros e a visita às comunidades Prosperidade, Beira Mar e Itatiteua, onde os alunos residem. A estratégia usada pela UEI foi o drive-thru que levou o projeto "A brincadeira como direito de aprender", para acolher as famílias.

A professora Sandra Couto, diretora da Escola Muncipal Professor Pedro Demo, em Outeiro, compartilhou a experiência dela também.

“O desafio e o medo de lidar com crianças de cultura e língua diferentes tomou conta de todos na escola. E o papel da escola é entender a Lei Migratória, depois a formação da Ceiir com os parceiros, visitar e entender a realidade dos alunos nas suas comunidades”, disse a professora.

“Muitas crianças nunca tinham tido acesso à escola. A Pedro Demo foi o primeiro contato. A nossa estratégia foi promover a Capoterapia com o Max Soares, do projeto Rosa Flor, que promove o prazer de brincar na cultura popular e trabalha a musicalização na socialização”, explicou.

A Adra aproveitou a culminância e doou 110 galões de álcool em gel para as escolas que atendem os indígenas, imigrantes e refugiados na capital.

Agradecida pela doação, a secretária de Educação Márcia Bittencourt, reafirmou o compromisso da Prefeitura de Belém de valorizar as raízes de todos os povos que escolhem o município como casa, desde os povos originários até os que tiveram que sair dos seus territórios.

“As crianças das nossas escolas públicas precisam aprender a nossa cultura, assim como o inglês na nossa escola bilíngue EMEI Francisco de Assis. Mas, principalmente, o Tupi e suas variações, além de valorizar as pessoas. Em 2022, queremos comemorar muito mais com a fraternidade, solidariedade superando qualquer tipo de dificuldade, porque somos iguais. A gente só consegue construir um bom trabalho em coletivo”.

Texto: Tábita Oliveira

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