Secretaria de Educação debate o método de alfabetização transformador de Paulo Freire

“A nossa educação é pautada pela pedagogia de Paulo Freire e a alfabetização é uma prioridade. A educação é a base para tornar as pessoas sujeitos da sua própria história, críticos do momento em que vivem e transformadores da sua realidade e do mundo. Então, alfabetizar é urgente pra gente. É preciso compreender os vários métodos de alfabetização que existem e que podem servir para reproduzir ou libertar”, afirmou Márcia Bittencourt, titular da Secretaria Municipal de Educação (Semec), ao participar nesta terça-feira, 27, do terceiro Webinário Freireano.

O debate foi promovido pelo Centro de Formação de Educadores “Paulo Freire” e teve como tema “Alfabetizar é libertar: o método Paulo Freire em questão”. A transmissão foi feita pelo canal do Núcleo de Informática Educativa (Nied), no YouTube.

Doutora em Educação, Márcia instigou os educadores a refletir o processo de alfabetização com alguns questionamentos como ‘Alfabetizar é urgente?’, ‘Quem são as pessoas não alfabetizadas na atualidade?’, ‘Conhecemos o método de alfabetização utilizado por Paulo Freire?’. Para ela, é preciso compreender a política pública nos últimos 30 anos, uma vez que uma parte da rede é formada por profissionais novos. “Será que os professores novos conseguem fazer essa leitura histórica? Porque é nela que a gente consegue fazer as leituras do momento presente. A nossa Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e Constituição Federal representam um processo de redemocratização do país que hoje está ameaçado”, disse.

Durante a apresentação foram destacados dois métodos de alfabetização, um denominado sintético e o outro, global. Este último alinhado com Paulo Freire. Também pontuou dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) onde 2,7% das pessoas com 15 anos ou mais, em Belém, não são alfabetizadas, ou seja, não sabem ler nem escrever. Em 2020, este mesmo percentual correspondia a 32.663 pessoas. “A gente pode superar o analfabetismo em Belém alfabetizando 10 mil pessoas por ano. Vamos construir coletivamente este processo com o centenário. Este ano vamos começar a formar os professores alfabetizadores”, informa Márcia.

A professora Márcia indicou a leitura de dois livros de Paulo Freire, “Educação como prática da liberdade” e “Pedagogia do Oprimido”, que trazem o passo a passo do método de alfabetização e compartilhou sua experiência no Centro de Educação Paulo Freire, em Ceilândia, Brasília. “A gente não vai educar somente com palavras, com os códigos linguísticos. Queremos uma educação muito mais atualizada. Educar para que as pessoas não sejam racistas, homofóbicas, autoritárias. Educar para libertar. Educar e construir uma Belém, alfabetizada e educadora requer autonomia dos professores. Pensar na rede a partir da sua produção intelectual e com patente do trabalho pedagógico. Queremos alfabetizar em português, nhengatu, libras, inglês, e construir um novo projeto pedagógico que atenda a realidade de cada território”, conclui Márcia.

O evento contou com a participação da professora Taíssa Barbosa, coordenadora da Educação de Jovens, Adultos e Idosos, também responsável pelo grupo de trabalho do Centenário de Paulo Freire, e foi mediado por Ana Paula Carvalho, professora formadora do Centro de Formação de Educadores Paulo Freire. A apresentação cultural ficou por conta do trio de carimbó composto por Larissa Medeiros, da Sesma e Keila Monteiro e Marta Ferreira, da Semec.

Texto: Tábita Oliveira

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