Com o tema “Vamos Amazonizar Belém! O que o currículo tem a ver com isso?”, a Secretaria Municipal de Educação (Semec), por meio da Diretoria de Educação (Died), promoveu nesta quarta-feira, 24, o II Encontro de Formação Permanente. Mais de 1,4 mil professores, coordenadores e diretores das unidades da rede municipal de ensino de Belém participaram de toda a atividade on-line.
Os profissionais da educação debateram as novas práticas pedagógicas curriculares embasadas na valorização da diversidade cultural amazônica. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define os direitos de aprendizagem de todos os alunos do Brasil, pouco contribui com a valorização das especificidades regionais, segundo constatado pelos educadores.
A secretária municipal de Educação, Márcia Bittencourt, explica que o currículo tradicional ainda prevalece na rede municipal de ensino e que é preciso romper. Incluir um currículo crítico nas escolas municipais é o objetivo da Semec e Prefeitura Municipal de Belém.
Para ampliar a formação docente, a secretária indicou os livros “Ideologia e Currículo”, de Michael Apple, “Currículo, território em disputa”, de Miguel Arroyo, “Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo”, de Tomaz Tadeu da Silva, e “Currículo: Questões atuais”, de Antônio Flávio Barbosa Moreira.
“Esses livros ajudam a pensar nas questões atuais, sobre as quais a gente precisa não só refletir, mas encarar. Como educador e educadora, é necessário fazer as modificações e enfrentar a realidade que a sociedade nos pede. A escola que temos hoje, ainda tem muitos vestígios da educação tradicional e bancária, conforme nos advertiu Paulo Freire, muito referenciada na primeira revolução industrial e essa escola não nos serve mais. É preciso pensar uma nova escola e o currículo é responsável por quase todas as nossas ações educadoras”, Márcia Bittencourt.
Palestra – Doutor em Educação, o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Salomão Mufarrej Hage, ministrou palestra sobre a importância do currículo escolar.
“A educação não muda a realidade, mas muda as pessoas e as pessoas transformam a realidade. O currículo é crucial neste processo, com a seleção dos conhecimentos para a formação das pessoas. Vamos afirmar nossa Amazonidade, nossas territorialidades amazônicas, mas para isso o nosso currículo precisa incorporar e valorizar os nossos modos de vida, saberes e experiências. Queremos mudar e transgredir o nosso currículo”, afirmou o professor. Salomão Mufarrej Hage citou a Pedagogia da Autonomia, do escritor e educador pernambucano Paulo Freire, como referência dessa autonomia no ato de educar.
O evento contou também com a participação de professores de cada área de ensino, como educação artística, matemática e português, que relataram suas experiências profissionais e a importância do currículo em suas carreiras acadêmicas.
Salomão Hage destacou que como o maior detentor de riquezas da natureza do planeta, o bioma amazônico precisa ser considerado, precisa ser valorizado na educação. Assim, “amazonizar” a educação municipal é firmar um marco includente na região. A pedagogia, explicou professor, deve despertar para o bioma, fazendo com que os alunos e a sociedade compreendam melhor suas realidades, desafios, culturas, potencialidades e oportunidades.
“Belém precisa se assumir como uma cidade educadora e as escolas podem contribuir muito com esse papel. Que a agente possa zerar o analfabetismo no território”, acrescentou Salomão Hage.
A reunião contou apresentação de músicas regionais por professores da rede, convidando todos a “Amazonizar Belém”. O evento foi conduzido pela professora do Centro de Formação de Professores (CFP), Izabel dos Santos e foi transmitida pelo canal do Núcleo de Informática Educativa (Nied), no YouTube, com o apoio da tradutora intérprete de libras Tatiana Mota.
Texto: Carla Fischer
 
								 
															 
											 
								 
															 
								 
								 
								