Com o tema “Memórias sobre mim: o lugar onde vivo”, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) dialogou, nesta quarta-feira, 4, com educadores das escolas municipais, sobre como desenvolver as produções textuais para a 7ª Olimpíada da Língua Portuguesa (OLP) com os alunos, considerando o repertório cultural do município de Belém. O encontro foi transmitido pelo canal do Núcleo de Informática Educativa (Nied), no YouTube.
Inscrições – A Olimpíada é uma iniciativa do Programa “Escrevendo o Futuro”, criado pela Fundação Itaú Social e coordenado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em parceria com o Ministério da Educação. O objetivo é contribuir para a melhoria do ensino, da leitura e escrita nas escolas públicas do país. As inscrições e adesões estão abertas até o dia 20 de maio.
O concurso trabalha vários gêneros textuais, como poema, para estudantes do 5º ano do ensino fundamental; memórias literárias, para alunos do 6º e 7º ano; crônica, para estudantes do 8º e 9º ano; documentário, para o 1º e 2º anos do Ensino Médio; e artigo de opinião, para o 3º ano do Ensino Médio. Belém será representada nas categorias poema, memórias literárias e crônicas. Os professores recebem formação e material do Cenpec, para trabalharem com os alunos.
A secretária municipal de Educação, Márcia Bittencourt, e a ouvidora do município de Belém, Márcia Kambeba, ambas professoras, iniciaram o encontro, resgatando um pouco da educação indígena na aldeia, que não segue os padrões de sala de aula e se aprende sem pressa na solidariedade, apreciando o que há à nossa volta. Elas lembram que a educação vem do seio familiar, mas é preciso ir para o banco da escola também.
“Que a gente consiga dialogar em todas as línguas, com todas as pessoas, com a inclusão e, sobretudo, fazer este momento festivo. Agradeço aos professores de Língua Portuguesa da rede, porque acredito que a educação não se faz somente com indicadores. Ela se faz na relação teórica e prática e do mundo em que estamos vivendo. Somos fazedores de história”, disse Márcia Márcia Bittencourt.
Diálogos – A professora doutora Aline Rodrigues, formadora de leitores da Semec, mediou o encontro junto com os convidados, entre eles, a professora Márcia Kambeba; a professora doutora Márcia Ohuschi; professor mestre Michel Pinho; professora Natália Cruz; a historiadora Roberta Tavares; a professora doutora Tayana Barbosa; e o professor Marcos Valério Reis.
Cada um discorreu sobre sua experiência em sala de aula, assim como suas peculiaridades, buscando contribuir na construção de olhar que possa reproduzir em palavras o tema “Memórias sobre mim: o lugar onde vivo”. A amorosidade entre professores e alunos no despertar de leitores e escritores; literatura indígena e amazônica; e carinho e afeto pela cidade de Belém, por meio da sua história, foram alguns pontos destacados pelos convidados.
Com um olhar afetuoso, o secretário municipal de Cultura de Belém, Michel Pinho, provocou os participantes a recordar de alguns cheiros da cidade, que remetem a alguma lembrança. “A minha paixão como leitor é com a história e a memória, que através de elementos históricos da cidade, de seu patrimônio cultural, converse com as nossas memórias”, disse o historiador, para destacar uma situação em que, uma vez, andando pela rua, uma senhora passou por ele e sentiu o cheiro de alfazema, um perfume que a sua avó usava. Michel ressalta que talvez esse seja um dos melhores caminhos para conversar com nossos alunos e resgatar suas memórias.
Memória – O secretário municipal de Cultura também refletiu que muitas pessoas conhecem a história de Belém apenas pelos dados oficias de fundação e que se esquecem das lutas vividas, dos povos indígenas e africanos, e que isso precisa ser trabalhada em sala de aula. Assim como a herança do século XVIII, XIX e XX, deixada no bairro da Cidade Velha.
“A história é feita de lembrança e de esquecimento. A história é feita de esquecimento proposital sobre aquilo que não quero falar. E normalmente falamos sobre o patrimônio edificado e esquecemos de falar das pessoas. Não tem sentido preservarmos o nosso centro, a sociedade, sem preservar a memória dessas pessoas, que fizeram e continuam fazendo história, hoje”, concluiu.
O encontro continua disponível no canal do Núcleo de Informática Educativa (Nied), no YouTube.
Texto: Tábita Oliveira