Sesma traça ações de fortalecimento da rede de prevenção do suicídio

Profissionais de saúde da rede municipal se reuniram nesta terça-feira, 19, para traçar estratégias de intervenção voltadas a pessoas em risco de suicídio. O encontro fortalece a campanha Setembro Amarelo, mês mundialmente dedicado à prevenção do suicídio. A ideia é promover eventos que abram espaço para debates, além de divulgar o tema e alertar a população sobre a importância de sua discussão.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), através das Referências Técnicas de Morbimortalidade e Violência e Saúde Mental, reuniu esses profissionais no auditório da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) para discutir e encontrar mecanismos de ampliação do atendimento na rede de saúde.

De acordo com Vera Fonseca, coordenadora da Referência Técnica em Saúde Mental do município, é importante que todos os serviços da rede, executados nas unidades municipais de saúde, nas casas especializadas, nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs), nos hospitais de pronto-socorro e em outros equipamentos públicos, se ajustem para que quem precisa do atendimento conte com ele em qualquer unidade da rede.

“A ideia que se tem é que só os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) teriam condições de atender o tema suicídio, e por isso a gente vem ampliando círculos de conversa para que todos percebam essa necessidade, desde a atenção básica, e comprometam-se no atendimento, na manutenção de relações humanas, na escuta qualificada e na humanização dos nossos serviços”, disse a coordenadora.

O psicólogo e especialista em Suicidologia Reno Mendes explica que é importante não estigmatizar o suicídio. “É preciso ter essa sensibilidade, principalmente com a juventude, que está mais suscetível à violência”, frisou o especialista, apontando os dados gerados através da ficha de notificação da violência preenchida em todos os serviços de saúde. “Os dados estão aí para alertar o quanto essa pessoa precisa ser acolhida nos serviços de saúde com mais humanização”.

Os dados citados por Reno são monitorados pela Referência de Morbimortalidade e Prevenção da Violência. Em 2015 foram notificados 68 casos de tentativa de suicídio, já em 2016 foram 82, e em 2017, até o mês de julho, foram notificados 34 casos. “Normalmente essas pessoas vão até as urgências do município e lá o profissional da saúde faz a escuta qualificada com o paciente e identifica que foi uma autoagressão e assim realiza os procedimentos na emergência e depois encaminha o paciente para acompanhamento na rede psicossocial. Esse é um momento muito delicado, porque muitos chegam em estado depressivo”, alertou a coordenadora da Referência de Morbimortalidade e Prevenção da Violência, Maisa Moreira.

Para a técnica em enfermagem Débora Melo, ouvir especialistas no assunto ajuda a esclarecer ainda mais sobre a melhor forma de atender um usuário da rede de saúde que está em crise. “É preciso ter essa sensibilidade e acolher esse usuário para que ele não atente contra a própria vida novamente. O risco de suicídio não deveria ser uma preocupação exclusivamente médica, mas de todos os profissionais de saúde mental, e talvez da comunidade humana em sua totalidade”.

Texto: Kezia Carvalho

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