Trabalhadores do comércio esperam boas vendas no Círio

Por tradição, no período do Círio de Nazaré, os católicos de Belém costumam comprar roupas e calçados novos para vestir ou presentear alguém durante a quadra nazarena, sinônimo de movimentação de vendas no centro comercial e de fomento à economia local.

Este ano, a expectativa para os trabalhadores do comércio formal e informal é que as vendas, em comparação ao ano passado, aqueçam ao longo dos 15 dias da festa religiosa. Mas, em plena véspera do Círio, realizado anualmente no segundo domingo de outubro, o ritmo dos negócios no comércio encontra-se em baixa.

Pelo menos é o que avalia o trabalhador informal Alex Teixeira, que possui uma barraca de venda de camisas de Nossa Senhora de Nazaré na principal avenida do comércio, a João Alfredo. “O movimento aqui era para estar forte desde o final de setembro, mas com a pandemia, que ainda está acontecendo, a movimentação ainda é fraca”.

Mas, para ele, com “a ajuda de Deus e de Nossa Senhora tá dando para sobreviver, não igual aos anos anteriores é claro”. Ele lamenta, sobretudo, porque em anos anteriores chegou a vender mais de 300 camisas do Círio, enquanto ete ano, até o momento, não conseguiu negociar nem 150 peças.

A gerente de uma loja de confecção no centro comercial de Belém, Mônica Silva, é outra profissional do local que está preocupada com a baixa movimentação de consumidores. “Nós estamos com as melhores expectativas possíveis para as vendas de Círio, já estamos com a loja organizada e padronizada para receber nossos clientes. Mas, infelizmente, a movimentação ainda está baixa, isso é preocupante”.

Para alguns consumidores que circulam pelas ruas comerciais de Belém, uma das explicações para o cenário desfavorável nas vendas neste período da maior festa religiosa paraense é alta dos preços.

É o que avalia a cabeleireira Marcela Chaves, que esteve na área do Ver-o-Peso para comprar os produtos para o almoço de domingo. “Vim aqui no comércio comprar comida para minha mãe fazer o almoço do Círio e aproveitei para comprar o presente do meu filho, para dar pelo Dia das Crianças. Tá tudo bem caro, roupa e, principalmente, brinquedo”.

O Dia das Crianças, data comemorada no próximo dia 12 de outubro, é uma possibilidade de crescimento de vendas para os trabalhadores do setor comercial formal e informal. Mesmo com os reajuste nos preços dos produtos infantis, de roupas a brinquedos, o setor do comércio espera, com ajuda de Nossa Senhora de Nazaré, agradecer por boas vendas.

Cesta básica – A avaliação prática dos trabalhadores do comércio e dos consumidores sobre a dificuldade de compra e venda dos produtos neste período do Círio é só uma consequência do que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Estado do pará (Dieese-PA) vem sinalizando desde o início do ano, sobretudo, ao que diz respeito ao aumento de preço da cesta básica do povo paraense.

Segundo o centro de pesquisa, somente nos sete primeiros meses deste ano, a alimentação básica no Pará comprometeu mais da metade do salário mínimo de R$ 1.100,00, em vigor desde janeiro deste ano, o que quer dizer que a população está com pouco dinheiro para gastar. Os dados do estudo revelaram, em agosto passado, que das 17 capitais pesquisadas, 13 delas tiveram aumento de preços dos itens da cesta.

Em relação ao almoço do Círio a situação não é diferente. Esta semana, após levantamento de preços dos principais produtos consumidos neste dia, o Dieese-PA deixou claro que a tendência dos preços é de crescimento.

O item do almoço em homenagem à Nossa Senhora que sofreu reajuste mais significativo foi a maniva, com preço em cerca de 10% a 15% mais cara, em comparação a outubro do ano passado.

Ao contrário da maniva, a pesquisa aponta que o preço do pato vivo não sofreu alta significativa. No Ver-o-Peso, é vendido, em média, a R$ 80. Mesmo assim, para a população, que enfrenta reajustes constantes da cesta básica, qualquer aumento de preço dos produtos no período da festa do Círio torna-se preocupante.

Texto: Fabricio Lopes

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