Unidades de saúde em Belém incentivam o aleitamento e a doação de leite materno

Com apenas oito dias de vida, Júlia Vitória ainda não sabe que o mesmo leite que a alimenta poderá, muito em breve, ajudar a salvar a vida de outras crianças recém-nascidas. Thaiza Ferreira, de 21 anos, mãe da pequena Júlia, é agora, também, voluntária na doação de leite humano. Na última sexta-feira, 14, Thaiza, que mora no conjunto Catalina, no bairro do Mangueirão, procurou a Unidade Municipal de Saúde (UMS) do Benguí II para realizar na filha o teste do pezinho, e, orientada pelos profissionais da unidade, acabou se tornando voluntária.

A UMS do Benguí acaba de receber certificação do Ministério da Saúde (MS) por ter uma sala de apoio à amamentação adequada e dentro do que preconiza o MS. A sala está vinculada ao Banco de Leite Humano da Santa Casa de Misericórdia do Pará. “Amamentar o próprio filho é um ato de amor, mas doar leite e ajudar a alimentar outros bebês é um ato de amor ainda maior”, reflete a mamãe de primeira viagem, Thaiza. “Procurei o posto de saúde para fazer o teste do pezinho na minha filha, e, como sempre pensei em fazer a doação, perguntei para a enfermeira se aqui eu podia realizar a coleta”, lembra Thaiza, que foi encaminhada, logo em seguida, para a sala de amamentação da unidade e recebeu todo o atendimento.

Cuidadosa, a técnica em enfermagem Ledy Jane Dias, orientou Thaiza e fez os procedimentos necessários para a coleta. “A mãezinha precisa estar com o cabelo preso, de preferência com uma touca e uma máscara no rosto para antes e durante o trabalho”, explica a técnica, enquanto arruma a voluntária para a primeira doação do dia. “Esse é um trabalho prazeroso. Sou mãe e penso nos dois filhos que tenho e o quanto o leite é essencial para a vida da criança”, completa, emocionada com o exercício do trabalho e em poder ajudar dezenas de outras crianças.

“Após a coleta, o leite é armazenado em um local adequado e entregue a uma equipe do Corpo de Bombeiros, que trabalha quase diariamente em parceria com nossos funcionários”, ressalta o gerente da UMS do Benguí II, o médico Roberto Macedo, que convoca mulheres interessadas em fazer a doação a procurar a unidade. “Estamos aqui de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h para receber as voluntárias, realizando a coleta e orientações àquelas mães que querem continuar com o processo em sua própria residência”, informa o médico.

“Saio daqui muito mais feliz, pois sinto que minha atitude deixará outras pessoas contentes, e, claro, uma criança alimentada com um leite saudável”, finaliza Thaiza.

Outro posto de coleta no município está localizado na unidade de saúde da Providência, no conjunto de mesmo nome. Nos dois locais, o atendimento é gratuito. As salas ficam abertas de segunda a sexta-feira, de 7h30 às 13h.

Benefícios – Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções, diarreias e alergias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido, além de ficar menos tempo internado. O aleitamento materno também diminuiu o risco de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade e colesterol. A amamentação ainda ajuda a reduzir o peso da mãe mais rapidamente após o parto e ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia após o parto. As chances de se adquirir diabetes ou desenvolver câncer de mama e de ovário também diminuem significativamente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma série de evidências científicas mostra que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos. Ainda de acordo com a OMS e a Núcleo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de seis milhões de crianças são salvas por ano devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva. Além disso, o leite materno tem tudo o que a criança precisa até os seis meses, inclusive água.

Texto: Adriana Pereira

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