Prefeitura de Belém visa educação ambiental em parceria com a população

"Aqui antes era chamado de lixão, porque jogavam muito lixo e entulho, tanto que tinha muito rato. Hoje, depois da limpeza e da construção do canteiro, feito com o reaproveitamento de pneus velhos, mudou muito e está bem melhor". O relato é do técnico em estrada, Edmilson Santos Silva, há 58 anos morador da Passagem Teixeira, no bairro da Cremação, sobre uma das ações do projeto de Educação Ambiental, realizado no local pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan).

O que foi executado na Passagem Teixeira é só uma amostra dos serviços feitos pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB), por meio da Sesan. Segundo o coordenador de Educação Ambiental do órgão, Mauro Ribeiro, a partir de janeiro, deste ano, a Secretaria retomou projetos de educação ambiental e, hoje, atua com uma equipe composta por 50 agentes ambientais, que fazem visitas em algumas áreas da cidade, onde existe falha de coleta e ponto de entulho, na perspectiva de promover ações junto aos moradores.

Em 2020, foram contabilizados mais de 6 mil materiais destinados à reciclagem, arrecadados pelas cooperativas e de janeiro a maio deste ano, essa arrecadação ficou em torno de 2 mil.

As ações de educação ambiental realizadas pelo órgão de saneamento não estão restritas apenas à área urbana de Belém. Em maio passado, o serviço se estendeu também à região das Ilhas, mais especificamente às do Combu, Murucutu e Ilha Grande.

"Fizemos uma reunião com moradores da ilha Grande para terem conhecimento sobre o início da coleta nas ilhas próximas ao trapiche da Praça Princesa Isabel e orientá-los sobre como recolher esse material. Agora, estamos monitorando o trabalho, para saber se está sendo realizada corretamente", informa Mauro.

Cooperativas – Para desenvolver as ações dos projetos voltados à educação ambiental a Secretaria de Saneamento trabalha em a parceria com as cooperativas. Atualmente, a PMB tem em seu cadastrado 11 cooperativas parceiras, envolvendo o total de 370 cooperados, que trabalham diretamente na coleta de materiais recicláveis.

Para o ordenamento dos trabalhos, as cooperativas seguem um roteiro específico para fazer a coleta na capital. A Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves) atende os bairros de Nazaré, Umarizal e São Brás. "Nós estamos com 35 catadores que fazem a educação ambiental e a coleta seletiva dos materiais recicláveis, com a coleta de porta em porta", diz Débora Baía, presidente da Concaves, localizada na Avenida Bernardo Sayão, entre Roberto Camelier e Quintino Bocaiúva.

Ela detalha que a rotina dos coletores durante a arrecadação visa garantir a segurança de todos. “Os resíduos secos são separados dos úmidos, que é o material orgânico, as embalagens que têm resíduo são lavadas, se algum papel tiver dados pessoais, rasgamos e colocamos numa sacola individual. As garrafas de vidro quebradas são colocadas dentro de uma garrafa pet e passamos fita para fazer o isolamento dela. Mas, se forem muitas garrafas de vidro, são colocadas juntas em uma sacola”.

A liderança da cooperativa diz ainda que quando o material chega ao galpão passa pelo processo de triagem, para separar por cor e tipo. O de plástico é dividido, em pelo menos, oito categorias diferentes. Por exemplo, "com as garrafas pets é feita uma triagem específica, separando por cor, porque agrega valor ao material, tornando-o mais aceito pelas empresas e indústrias de reciclagens".

Na cooperativa Filhos do Sol, localizada na Travessa Padre Eutíquio, na Condor, o presidente da organização, Jorge Ribeiro, comenta que o processo de trabalho não é muito diferente da Concaves.

“Trabalhamos com coleta com garrafas pets, plásticos filmes, calçados, metais – lata, ferro, alumínio, cobre, vasilhas de margarina e qualquer tipo de material de limpeza, como shampoo, vinagre e óleo. Os únicos materiais que não recebemos é isopor e pedaços de madeira”.

A secretária municipal de Saneamento, Ivanise Gasparim, informa que o objetivo é ampliar a coleta seletiva em Belém. Ela garantiu que está sendo criada uma relação direta com a população, por meio de comissões de educação ambiental nos bairros. "Estamos fortalecendo os laços de compromisso com os moradores, a partir de uma política municipal de educação ambiental".

Ação permanente – A política pública da Prefeitura de Belém voltada à educação ambiental está presente nas ações de vários órgãos municipais. Entre elas, o Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova (Promaben), que realizou no primeiro semestre deste ano "Plantio da memória", transformando a pracinha da Osvaldo, no Jurunas. O que antes era um local de depósito irregular de lixo transformou-se em um lugar especial aos moradores, onde plantaram mudas para homenagearem familiares e amigos que perderam a vida para a Covid-19.

O subcoordenador Ambiental do Promaben, Alex Ruffeil, comenta que a proposta é oferecer à comunidade um conjunto de melhorias com infraestrutura e saneamento, associado à preservação do meio ambiente. “Vamos implantar redes de drenagem, de abastecimento de água, macrodrenagem, microdrenagem e esgotamento sanitário, para melhorar as condições de infraestutura e saneamento dos bairros Jurunas, Condor e Cremação”.

Ele conta ainda que o Promaben realiza oficinas palestras, encontros e cursos de capacitação para requalificar a educação ambiental nesses bairros, na perspectiva da população que se senta responsável também à preservação do meio ambiente.

Moradora da rua Osvaldo de Caldas Brito, no Jurunas, a professora Jesus Moraes diz que não só segue as orientações dos agentes ambientais do Promaben, como também ajuda a orientar outros moradores. "Educação ambiental é muito importante para todos nós. Aqui na comunidade é feito um trabalho educativo e preventivo de forma permanente, para que as pessoas entendam a importância de condicionar o lixo".

Texto: Mariana Azevedo

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